quarta-feira, 11 de novembro de 2009

10º capítulo - "A noite de Ano Novo"

Já se passava das 23:30. Felipe preparava-se para a grande surpresa da noite, o momento mais esperado: o show pirotécnico que marcaria a passagem do ano.
Enquanto o dono da festa chamava um empregado para ordenar-lhe que providenciasse os fogos, Eduardo observava introspectivamente ora Carolina, ora Isabel. Confuso, resolveu dar uma volta pela casa. Caminhava sem saber para onde iria, embora já tivesse percebido que ultrapassara os limites da festa. Então, entrou num quarto do terceiro andar, pois tudo o que queria era paz e silêncio. A sala não tinha iluminação alguma. Tateando, encontrou umas velas, ou castiçais. Seja lá o que fossem, pegou o isqueiro do bolso, e sem hesitar, acendeu-os. Sentou-se numa cadeira, e nem reparou nos outros objetos do quarto. Fechou os olhos, e concentrou-se apenas naquilo que assolava sua mente.
Faltava apenas um minuto para meia noite. Estavam todos no jardim da casa, conversando (ligeiramente mais embriagados que há duas horas antes desse momento), e Isabel veio chorosa até Felipe:
“Onde está meu marido? Você por acaso o viu, Felipe?”
Felipe não queria que Isabel perdesse os fogos e mandou que um empregado procurasse por Eduardo. Sem insistir, Isabel concordou em permanecer ali.
Todos faziam a contagem regressiva:
“10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1...”
E era como se uma mistura de alegria e jorros de cores neon explodissem no céu. O barulho era ensurdecedor, mas isso era pouco relevante perto da amplitude emocional daquele show pirotécnico! Todos gritavam, e brindavam, e desejavam um feliz ano novo.
Quando os fogos acabaram, alguém gritou:
“ESTOU VENDO FUMAÇA SAINDO DAQUELA JANELA!”
No minuto seguinte, todos corriam desenfreadamente para todos os locais possíveis. Ninguém sabia direito o que fazer. Alguns, preocupados com o sumiço de Eduardo e com o fato de que o empregado não havia retornado, seguiram para a casa para procurá-los. Havia quem jurasse ter visto alguém embolado em cortinas fugindo, em direção à rua, mas não podiam afirmar se era algum convidado da festa ou simplesmente um penetra.
Os bombeiros chegaram alguns minutos depois, e apagaram o fogo com certa facilidade. A estrutura de boa qualidade da casa de Felipe impediu que o fogo se alastrasse pelas imediações. Nesse momento, estavam todos reunidos no jardim. Isabel gritava: “ALGUÉM VIU O MEU MARIDO!?”
O bombeiro resolveu interrompê-la: “Senhora, não posso afirmar com certeza, mas creio que seu marido está morto. Encontramos um corpo carbonizado, embora não seja possível reconhecer quem é essa pessoa, acreditamos ser o seu esposo, pela coincidência do momento em que ele sumiu. Não podemos afirmar com certeza, mas há indícios de que tenha sido um crime, e não um acidente.”
O que sucedeu essas palavras não passou de um silêncio exorbitante, em meio ao qual, ninguém se atrevia a emitir qualquer som.

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