domingo, 29 de novembro de 2009

29° capitulo- noite de ano novo

Chuva, muita chuva, era só o que se via da grande janela da sacada da casa de seu Coutinho. Uma estranha sensação de que o clima lá fora acompanhava o de seus pensamentos, era perceptível. Seu Coutinho sentado em sua já tradicional cadeira, segurava a carta e olhava-a como se algo revelador estivesse para ser desvendado, porem algo ainda lhe tirava a calma mais do que essa carta. O sumiço de Alfred. Refletia sobre o ser humano e percebia o quão individualistas, frios e aproveitadores eram todos envolvidos nos acontecimentos. Alfred, apesar de não ser essencial na vida aquelas pessoas, era uma vida tão valiosa quanto à de Eduardo e ninguém sentira de fato sua ausência. Na realidade não se sabia realmente se aquele corpo carbonizado era realmente o de Eduardo, mas a vontade de todos de que ele morresse o assassinara.
- Como é possível? A que ponto chegamos... Uma vida, parece nada valer. De fato, a cada dia que passa e eu fico mais velho, mais percebo o quanto somos todos corrompíveis, cada um com seu preço... Cada um com sua ambição.
Coutinho levanta-se e vai em direção da janela e lá se debruça. Olha para chuva como se procurasse algo, alguma coisa que estivesse ali, escondido entre as gotas. Derrepente algo lhe chama a atenção, uma pessoa passa correndo na rua, enrolada em uma cortina. Nesse momento um forte trovão estoura ali muito perto, seu Coutionho se arrepia, seu pulso aumenta visivelmente. Ele olha para aquela pessoa fugindo da chuva, engole a saliva e vai rapidamente até a carta. Olha a carta durante longos segundos, novamente um trovão, dessa vez mais forte.
-Será?!...
Seu Coutinho abre desesperadamente a carta, hesita e depois segue a lê-la. Perplexidade, Coutinho tira sua antiga boina encosta-a no peito e diz a palavra que já lhe rondava a mente há algum tempo.
-Vivo!...

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