segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Capitulo 30 - "É a vida"

O carro adentrou o recinto com toda a violência que um Gurgel poderia ter, ou seja, mal abriu as portas que estavam destrancadas. Três tiros bastaram para deitar três seguranças e colocar o resto para correr. Todos pularam assustados para fora da pista, mas no centro Isaac avistou um vestido vermelho. E Ivanovich estava lá abraçado com Cintia. Ambos olhavam assustados e sem reação para o recém aparecido Gurgel. Isaac não desacelerou. Pensou que Cintia iria sair da frente. Não saiu. Ele freou o carro e virou o volante para a direita desviando de Cintia. Quando o carro estava quase parando ele pulou do carro já sacando uma arma. E mirou em Ivanovich. Mas havia um problema, Ivanovich já estava apontado uma arma para Isaac. Ele rolou no chão e desviou do tiro que estava destinado a seu peito.

Guarneceu-se atrás de seu Gurgel e disparava em direção a seu adversário que revidava enquanto pegava uma arma de um segurança morto ao chão. Havia um espaço de mais ou menos cinco metros entre eles e Cintia ao meio tentando fugir dali, porém não conseguindo. Um jato vermelho ao ar. Sangue de Ivanovich, que fora atingido no ombro. Ele não deixou barato. Deixou de mirar em Isaac e mirou no tanque de gasolina do Gurgel. Foi necessário um único tiro. O carro explodiu jogando Isaac para o alto que caiu inerte ao fundo do salão. Parecia que estava tudo certo agora. Não, não estava. Duas colunas do prédio caíram com a explosão. Isso abalou a estrutura do prédio do qual parte do teto caiu. Uma viga caiu do teto e se fincou no abdômen de Cinti. Ivanovich se arrastou em direção a ela. Ele a segurou em seus braços e viu o vestido daquela garota que ele conhecera aquela noite ficar mais escarlate do que já se mostrava. Aquela cena, ela morrendo em seus braços, a dor lancinante em seu ombro que o fazia sentir vivo, mesmo com a morte iminente com a perda de sangue. Ele abraçava Cintia e a tristeza da morte o abraçava. Ela virou e disse a ele:

- Está tão frio aqui. Me segure querido, apenas por mais algum tempo.

E assim ele o fez. A abraçou com mais força enquanto sentia suas forças e a vida dela se esvaindo com o sangue que manchava o chão. O caos reinava lá fora e lá dentro. O fogo crepitando perto do Gurgel, o teto que ainda ruía. E eles não ouviam nada. Ele não sabia se as lagrimas que caiam de seus olhos eram de dor ou de tristeza. Com certeza era de ambos.

Quando o ultimo suspiro saiu do peito de Cintia, Ivanovich achou o amor que ele achou que não existia e que ele sabia que tinha acabado de perder.

Nem teve a reação de soltar o corpo dela. Desmaiou sem vida ainda abraçado com ela ao mesmo tempo que o teto terminava de desabar para que o fogo englobasse os destroços ainda aquela noite.

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