quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Capítulo 12 " A Noite do Ano-Novo "

Depois de toda a tragédia a impressão era de que todos estavam realmente inconformados. Olhos distantes. Alegria dissipada.
Era um local amplo, mas parecia um campo florido, com epitáfios espalhados em meio às flores amareladas e muito bem cuidadas por sinal, toda a beleza escondia o fim da vida terrena e o inicio da vida espiritual, da evolução do ser humano e da separação da carne.
Para Isabel, lidar com a morte do marido não era tarefa fácil, sua fisionomia aparentava isso. O contexto era excessivamente delicado, estavam às 15h do novo ano astral e já tinham que se conformar com as perdas.
O incêndio na casa de Felipe durante a festa e confraternização de ano novo deixou o cadáver carbonizado, seria inviável que o caixão permanecesse ali, mesmo que fechado, Isabel optou por não ocorrer velório algum. O enterro tinha que acontecer e essa tinha pressa. Pressa demais para uma recém viúva.
O carro vermelho estacionou numa vaga de deficiente. Brecou bruscamente. A dona ao volante aparentava estar nervosa, era Carolina. Seu vestido preto de simples corte não escondia sua beleza. O contraste entre a cor do vestido e o buquê de rosas vermelhas que trazia nos braços chamou a atenção de todos. Não demonstrava sofrimento algum. O que estaria pensando a moça por trás daqueles óculos escuros?
Na hora do sepultamento, Felipe e Isabel se abraçaram, entrelaçando os dedos quando deram as mãos. Alívio ou sofrimento? A cena chamou a atenção de Ricardo, porém esse se calou durante o acontecimento. Mas sabia que no fundo algo estava errado e pensava, martelava na mente a todo o momento:
- Nunca imaginei que Isabel fosse chegar a esse ponto, isto é um desrespeito a Eduardo... Que absurdo!
Ricardo e Carolina conversam e a moça olhava para todos os lados com medo de que sejam vistos. Discutem rapidamente e Ricardo dirige-se ao banheiro.
O sepultamento se acabara muito tempo depois e restaram apenas três. Caía à noite e Felipe e Isabel conversavam tranquilamente em um banco em meio às árvores. Carolina os observava de dentro de seu veículo. Seu olhar era de desconfiança. Passado um tempo se irritou, ligou o automóvel e partiu. Estava transtornada.

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