sexta-feira, 6 de novembro de 2009

6º Capítulo- "A noite de ano novo"

Dirigir era um saco!
Esse era claramente o pensamento de Erick, que podia ser percebido através do gesto brusco com o dedo que ele fazia colocando a mão para fora da janela, enquanto lutava contra o tráfego da véspera de ano novo indo pegar Carolina. Porém, não se importava de fazer um caminho maior e pegar a amiga, até porque, isso demonstrava suas vantagens.
Ele gostava de um elogio, e ela sentia por ele o que os jovens de hoje chamam de “pagar um pau”, o que não passa do nosso antigo “te curtir”. Graças a isso, ninguém o elogiava como Carolina.
Não se decepcionou.
A moça pulou no carro assim que este parou e já logo deu um grito histérico, de surpresa, que acabou surpreendendo quem passava por ali e via Carolina, de feições delicadas porém firmes, perder as estribeiras.
-Meu Deus, você está lindo Erick!
-Gostou mesmo? Fiz meu próprio cabelo.
-Você é o melhor! –dizia a moça enquanto beijava a bochecha do rapaz com um estalo forte.
Ela tinha que admitir que chegar com Erick seria um presente dos deuses. Ele era exatamente o tipo de pessoa confiante que você quer ter do lado em uma festa. Não fazia um gesto que não fosse pensado, não erguia o dedo para menos do que um gesto de cavalheirismo extremo e, o principal, com ele ela se sentia bem consigo mesma. Talvez só com ele no mundo inteiro.

Felipe desceu as escadas com um jeito imponente, mostrando-se uma pessoa extremamente ambiciosa e calculista. Aparentava já ter estudado aquela entrada muitas vezes com medo de deixar um único detalhe escapar.
Nenhum detalhe escapou.
Isabel foi avistada, deslumbrante, e seguindo o olhar para a direita, em um outro grupo de pessoas estava Ricardo. A troca de olhares entre os dois não passou de um momento, momento o qual teve o desprazer de estar entre esses olhares e presenciar a inveja e o respeito que era mútuo naquele olhar.

Erick parou o carro, e o casal desceu do carro deslizando pelo chão como se os dois flutuassem. Ninguém diria que Carolina fazia o que fazia para ganhar a vida, não com aquele jeito. Jeito o qual que garantia que qualquer outra mulher, como por exemplo, Isabel, olhasse para ela com ares de igualdade.
Uma meretriz poderia ser desprezada em certos contextos.
Carolina não.




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