quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Capítulo 25 A Noite do Ano Novo

Seu Coutinho sentia uma confusão sentimental muito grande enquanto ouvia aquele silêncio ensurdecedor dentro da Igreja. Refletia sinestesicamente quando se assustou com o barulho da porta lateral se abrindo inesperadamente.
- Acalme-se meu filho, eu não posso atendê-lo agora, estou em meio a um batismo.
Seu Coutinho corre em direção ao corredor quando percebe o nervosismo do padre, chegou até a acreditar em assalto, mas logo entendeu do que se tratava.
No confessionário, o padre ainda pedia calma ao homem vestido de capuz preto e calça jeans. O velho esforçava-se para ouvir a voz do rapaz, mas os ouvidos cansados pela idade não o permitiram.
Resolveu que ficaria ali mesmo assim. Passado algum tempo, o padre ainda tentava acalmar o indivíduo.
- Você está pronto para me contar porque veio aqui neste estado?
-Sim, padre. É algo muito grave. Eu não aguento mais, matei meu melhor amigo por nada. Estou exausto.
-Pode continuar, mas qual é o seu nome mesmo?
O homem demora a responder, mas diz em voz baixa:
- Me chamo Ricardo.
O velho entra em desespero do lado de fora do confessionário e automaticamente liga os fatos à falência da empresa, mas continua a ouvir, mesmo com muito esforço a conversa:
- Matei numa noite de ano-novo um empresário chamado Eduardo, mas não contei a polícia por falta de coragem mesmo.Meus cinco anos de estudo sobre gestão da qualidade em empresas de nada serviu. Confiei meus planos à Eduardo e esse os usou contra mim abrindo essa filial de nossa empresa.Estou tendo sérias crises de falência graças a ele. Minha vida financeira, a estabilidade de minha familia, eu perdi tudo graças a uma traição. Diabos, o que faço?
-Meu filho, o melhor que você tem a fazer é se entregar.
-Não por enquanto, tenho pendências a resolver ainda.
Seu Coutinho se surpreende com a resposta do rapaz e tenta ligar essa pendência a outro acontecimento qualquer. Aquele era um dos melhores momentos de sua vida.
Até que enfim tinha conseguido solucionar algum caso por completo. Para não ser vistio por Ricardo, esconde-se atrás do altar , mas permanece no local para confirmar a identidade do réu.
Passado algum tempo, Ricardo deixa as dependências do local rapidamente. Sem ser visto, o velho fotografa essa cena para auxiliá-lo na atual conclusão dos fatos ocorridos.
Então dirige-se até o padre , que confirma toda sua versão do caso e o que foi dito pelo réu.
Estava radiante. Coutinho, chega até em casa e diz para si próprio:
- Até que enfim, pus minhas mãos nesse desgraçado, sim, hoje eu mereço meu calmante, tem direito a garrafa inteira de Uísque!
Tomava de goles em goles enquanto pensava em como ligaria as pistas depois desse grande acontecimento.

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