quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Capítulo 26 - "É a vida"

As proximidades do local estavam bem iluminadas com archotes e lampadas. Havia dois holofotes, um de cada lado, nas laterais do portão de entrada. Daqueles que ficam varrendo os céus como grandes faróis guias. Luzes amarelas em lampiões ladeavam um corredor feito em aros metálicos usando como cobertura uma trepadeira florida. O corredor estava postado em um grande gramado em um espaço amplo que seguia até o salão. Para as mulheres, que vinham de salto alto, foram colocadas pedras grandes e largas ao longo do corredor.
A recepção na porta do salão era como devia ser. Ampla, aconchegante, com uma mesinha á direita com café servido em xícaras de porcelana e em um bule de estanho, ou seria prata? Não dava para se ater a esse detalhe quando tantas coisas mais estavam lá para deslumbrar os olhos de todos. Além disso, como não poderia faltar, duas garotas com seus vinte e poucos anos, bem vestidas e com posturas impecáveis davam as boas vindas aos convidados, uma de cada lado da grande porta de madeira antiga e clássica.
Dentro do salão, gigantesco e impressionante, viam-se mesas espalhadas por todos os lados. Um mar de mesas. Pareciam ser milhares. E ainda havia o mezanino que ampliava a capacidade de mesas. Após o espaço das mesas podia-se ver a pista de dança, na qual havia um palco gigantesco e mais elevado. A mesa de DJ estava ali, mas após um tempo seria substituída pelos equipamentos das bandas que ali tocariam.
Eram Nove horas da noite ainda. Os convidados começavam a chegar e se postar em seus lugares. A festa, pelo o que os boatos diziam, ia durar mais de 24 horas seguida.
Isaac chegara. Deixou seu carro na rua mesmo... Ninguém iria querer roubar um Gurgel velho e sujo, e ele não queria pagar o preço abusivo de quinze reais para colocá-lo no estacionamento. Entrou pouco olhando para a suntuosidade da festa e foi sentar-se em uma mesa vazia (e que ele sabia que iria permanecer vazia até o final da festa se ele ali ficasse). Queria logo encontrar Cintia.
Cintia se atrasou. Chegou quando o salão já estava cheio. Ela não viu Isaac e Isaac não a viu. Ivanovich pediu para que o avisassem quando o salão já estivesse relativamente cheio. Afinal, queria uma entrada marcante e queria ter pessoas para que o assistissem, mas não queria todos ali para que depois sua entrada fosse comentada.
O som abaixou quando ele ia entrar e os archotes do lado de dentro do salão foram acesos. Eram apenas quatro que estavam colocados na porta de entrada. As luzes também foram diminuídas. Sem a música para distrair as pessoas da festa e com as luzes mais fracas era mais fácil que olhassem para onde ele queria, ou seja, para ele mesmo.
As portas se abriram abruptamente e ele entrou. Sua roupa impecável, sua postura altiva, seu ar de “eu sou rico e você não” e sua capa esvoaçante em suas costas.
Todos o olhavam como ele esperava. Uma garota de vermelho cruzava o salão e o olhava enquanto ele entrava com passos firmes. Lindas pernas. Corpo torneado. Lábios vermelhos e carnudos. E o vestido curto e decotado e vermelho. Como diziam: vermelho a cor do pecado. E foi em pecado que ele pensou.
Nessa mesma hora Isaac a avistou olhando para Ivanovich. Isso o enciumou. Mas logo se distraiu e a olhou novamente.
Ambos pensaram na mesma hora enquanto analisavam aquela mulher tão esbelta ao mesmo tempo. E finalmente um pensamento em comum entre um pobre e um rico: “eu a quero para mim”

Nenhum comentário:

Postar um comentário